E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para substância da alma. Tudo em mim é tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma. Um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
domingo, 14 de novembro de 2010
sarau virtual - O Mapa do Tempo - Félix J. Palma
Qual deles o pai lhe teria recomendado para estourar os miolos? Imaginou que as pistolas de chispa, aquelas velharias carregadas pelo bocal, introduzindo-se pólvora, munição e uma bucha de papel servindo de tampa cada vez que se queria dar um tiro, proporcionariam uma morte nobre, mas também parcimoniosa, obstinada. Era preferível a morte impetuosa que os revólveres modernos ofereciam, aninhados em seus luxuosos estojos de madeira forrados de veludo. Considerou um Colt Single Action de aspecto prático e eficaz, mas deixou-o de lado quando lembrou que aquele era o revólver que vira Buffalo Bill usar em seu circo do Oeste Selvagem, um espetáculo patético em que simulava façanhas transoceânicas valendo-se de alguns índios importados e uma dúzia de búfalos apáticos que pareciam alimentados com ópio. Não queria enfrentar sua morte como uma aventura. Também descartou um belo Smith & Wesson, a arma que matara Jesse James, por não se considerar à altura do bandido, assim como um revólver Webley, concebido especialmente para deter os robustos indígenas nas guerras coloniais, que lhe pareceu excessivamente pesado. Examinou então um gracioso Pepperbox de tambor giratório, que era o preferido do pai, mas tinha sérias dúvidas de que aquela arma ridícula e afetada pudesse disparar uma bala com convicção suficiente. Finalmente, se decidiu por um elegante Colt de cabo madrepérola, fabricado em 1870, que iria tirar-lhe a vida com a delicadeza de uma carícia de mulher.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
sábado, 11 de setembro de 2010
Fernando Pessoa
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Uma visão breve sobre a vida e a obra do maior poeta da língua portuguesa:
- 1888: Nasce Fernando Antônio Nogueira Pessoa, em Lisboa.
- 1893: Perde o pai.
- 1895: A mãe casa-se com o comandante João Miguel Rosa. Partem para Durban, África do Sul.
- 1904: Recebe o Prêmio Queen Memorial Victoria, pelo ensaio apresentado no exame de admissão à Universidade do Cabo da Boa Esperança.
- 1905: Regressa sozinho a Lisboa.
- 1912: Estréia na Revista Águia.
- 1915: Funda, com alguns amigos, a revista Orpheu.
- 1918/1921: Publicação dos English Poems.
- 1925: Morre a mãe do poeta.
- 1934: Publica Mensagem.
- 1935: Morre de complicações hepáticas em Lisboa.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Uma visão breve sobre a vida e a obra do maior poeta da língua portuguesa:
- 1888: Nasce Fernando Antônio Nogueira Pessoa, em Lisboa.
- 1893: Perde o pai.
- 1895: A mãe casa-se com o comandante João Miguel Rosa. Partem para Durban, África do Sul.
- 1904: Recebe o Prêmio Queen Memorial Victoria, pelo ensaio apresentado no exame de admissão à Universidade do Cabo da Boa Esperança.
- 1905: Regressa sozinho a Lisboa.
- 1912: Estréia na Revista Águia.
- 1915: Funda, com alguns amigos, a revista Orpheu.
- 1918/1921: Publicação dos English Poems.
- 1925: Morre a mãe do poeta.
- 1934: Publica Mensagem.
- 1935: Morre de complicações hepáticas em Lisboa.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
sábado, 24 de julho de 2010
sexta-feira, 23 de julho de 2010
quinta-feira, 22 de julho de 2010
quarta-feira, 23 de junho de 2010
terça-feira, 22 de junho de 2010
Copan Building
Projetado por Niemeyer em 1951 e inspirado no Rockefeller Center, de Nova York, o Copan é um dos mais emblemáticos prédios de São Paulo.
Tem 115 metros de altura, 35 andares, dois subsolos e cerca de dois mil residentes (meu prédio tem 7 residentes e já é um SACO). É a maior estrutura de concreto armado do Brasil, possuindo 1160 apartamentos distribuídos em 6 blocos, sendo considerado o maior edifício residencial da América Latina.
A área comercial no térreo possui 72 lojas e um cinema (antigo Cine Copan que funcionou até 1996) e posteriormente foi ocupado pela igraja renascer em cristo.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Eta povinho BUNDA!
Brasileiro é um povo solidário. Mentira.
Brasileiro é babaca. Eleger para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari, só porque tem uma história de vida sofrida; pagar 40% de sua renda em tributos e ainda dar esmola para pobre na rua ao invés de cobrar do governo uma solução para pobreza; aceitar que ongs de direitos humanos fiquem dando pitaco na forma como tratamos nossa criminalidade; não protestar cada vez que o governo compra um colchão para presidiários que queimaram os deles de propósito, não é coisa de gente solidária. É coisa de gente otária.Brasileiro é um povo alegre. Mentira.
Brasileiro é bobalhão. Fazer piadinha com as imundícies que acompanhamos todo dia é o mesmo que tomar bofetada na cara e dar risada. Depois de um massacre que durou quatro dias em São Paulo, ouvir o José Simão fazer piadinha a respeito e achar graça, é o mesmo que contar piada no enterro do pai. Brasileiro tem um sério problema. Quando surge um escândalo, ao invés de protestar e tomar providências como cidadão, ri feito bobo.
Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira.
Brasileiro é vagabundo por excelência. O brasileiro tenta se enganar, fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo. O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês, para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe - lá no fundo - que se estivesse no lugar dele faria o mesmo. Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários do bolsa família) não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.
Brasileiro é um povo honesto. Mentira.
Já foi; hoje é uma qualidade em baixa. Se você oferecer 50 Euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente você irá preso. Não por medo de ser punido pelos superiores, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas. O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa em fazer concurso público pra mamar nas tetas do governo, pensa íntimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.
90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira.
Já foi. Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas quando os negros e mulatos retornando da Guerra do Paraguai ali se instalaram. Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha outra alternativa e não concordava com o crime. Hoje a realidade é diferente. Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como aviãozinho do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3 mas não milhares de pessoas. Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos, inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas.
O Brasil é um pais democrático. Mentira.
Num país democrático a vontade da maioria é Lei. A maioria do povo acha que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente. Num país onde todos tem direitos mas ninguém tem obrigações, não existe democracia e sim, anarquia. Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe democracia, mas um simulacro hipócrita. Se tirarmos o pano do políticamente correto, veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei que detém o poder central (presidente e suas MP), seguido de duques, condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados, prefeitos, vereadores). Todos sustentados pelo povo que paga tributos que tem como único fim, o pagamento dos privilégios do poder. E ainda somos obrigados a votar. Democracia isso!
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Chico Science - Maracatu Atômico t
Parece que no Brasil as coisas boas não se criam. Pois é, quem não lembra do Francisco de Assis França ou Chico Science, principal colaborador do movimento manguebeat (1990).
Deixou dois discos gravados: Da Lama ao Caos (1994) e Afrociberdelia (1996).
O cara participava de grupos de hip hop em Pernambuco nos anos 80, além de integrar algumas bandas como Orla Orbe e Loustal inspiradas na música soul, funk e hip hop. Em 1991 misturou o som de sua antiga banda com percussão e daí surgiu Nação Zumbi.
Influenciado por bandas como Mundo Livre S/A, Bonsucesso Samba Clube, Mombojó, Otto, passando por Roots do Sepultura, Fernanda Abreu, Arnaldo Antunes, além da antiga parceria e ainda em atividade Nação Zumbi.
Teve sua carreira precocemente encerrada por um acidente de carro.
Alguns outros exemplos de perdas irreparáveis nesse país que carece tanto de criação musical de qualidade e que ainda vive do passado na maioria de seus grande centros podemos lembrar Cazuza, Cássia Eller e Renato Russo.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Dungeons & Dragons
Esse desenho era bom né?!
Mas esse Mestre dos Magos era um baita sacana! Às vezes acho que ele merecia um tundão!Faz tempo!
Ele cresceu! Sim! É ele! Mesmo quando criança já estava na labuta do dia-a-dia e por isso merece chegar aonde chegou. Quem não lembra disso!
Mas agora pensando...olha a indústria se infiltrando na mente de crianças e as tornando potenciais viciadas no tabagismo.Quanta criança maluca daquela época hoje está indo todo dia antes do trampo comprar seu cigarrinho que mata no buteco mais próximo?
Waking Life
MODERN LIFE
Tecnologia 3g, personal trainer, twitter, MBA, blindagem de carro, silicone, MDMA, selo, trabalho escravo, câmeras de segurança, liberdade vigiada, spinning, ONG, facebook, obesidade mórbida, ONU, superdownloads, F117 – night hawk, tablet pc, bluetooth, saruel, mega hair, cyber diet, facelift, workaholic, automação, mercado futuro, energias renováveis, terceiro setor, transtorno do pânico, inteligência artificial, bulimia, telecine, mulher melão, travesseiro da NASA, MP3, MP4, MP5..., widget, www, wordpress, hub USB em forma de hamburguer, gifs, avatar, orkut, simulador de caminhada, autobronzeador, pilates, cosmetologia e um monte de maravilhas e apelos modernos.
Se você não sabe ou não reconhece pelo menos metade dessas bugigangas comece a se preocupar, ou não! Afinal qual a real importância disso tudo?
Quais as verdadeiras mudanças físicas ou químicas em nosso sistema nervoso central desencadeadas por essa avalanche de estímulos recebidos diariamente?
Até quando teremos preservado o instinto natural?
Os modelos de beleza impostos já superaram ou estão competindo com os padrões geneticamente naturais em nossa memória universal?
This is the real world?
Tecnologia 3g, personal trainer, twitter, MBA, blindagem de carro, silicone, MDMA, selo, trabalho escravo, câmeras de segurança, liberdade vigiada, spinning, ONG, facebook, obesidade mórbida, ONU, superdownloads, F117 – night hawk, tablet pc, bluetooth, saruel, mega hair, cyber diet, facelift, workaholic, automação, mercado futuro, energias renováveis, terceiro setor, transtorno do pânico, inteligência artificial, bulimia, telecine, mulher melão, travesseiro da NASA, MP3, MP4, MP5..., widget, www, wordpress, hub USB em forma de hamburguer, gifs, avatar, orkut, simulador de caminhada, autobronzeador, pilates, cosmetologia e um monte de maravilhas e apelos modernos.
Se você não sabe ou não reconhece pelo menos metade dessas bugigangas comece a se preocupar, ou não! Afinal qual a real importância disso tudo?
Quais as verdadeiras mudanças físicas ou químicas em nosso sistema nervoso central desencadeadas por essa avalanche de estímulos recebidos diariamente?
Até quando teremos preservado o instinto natural?
Os modelos de beleza impostos já superaram ou estão competindo com os padrões geneticamente naturais em nossa memória universal?
This is the real world?
sexta-feira, 30 de abril de 2010
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Dica
"Clarice,", uma biografia muito legal e interessante. É daqueles livros que você para de ler para almoçar e quer voltar correndo para leitura!
O mais interessante é que não é uma simples biografia escrita pelo norte-americano formado em história Benjamin Moser, que resolveu estudar português após fracassar na sua tentativa de aprender mandarim. É um livro que além de relatar a vida de Clarice Lispector, mostra a sequência de produção de suas obras e carreira profissional, onde você consegue entender o contexto em que a escritora vivia no momento da produção de seus livros, artigos e novelas.
Vale a pena conferir!
Você encontra o livro na Livraria Cultura e o preço é R$79,00.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)